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2017-09-22

A Gestão do esforço em competições de BTT (parte 1 de 2)

Muito comummente se debate, mais entre atletas amadores, acerca da gestão da intensidade ao longo de uma prova, seja ela de longa ou média duração. O principal “focus” deste discurso é a procura de encontrar aquele ritmo ideal para realizar toda a prova, sem existirem quebras significativas no rendimento desportivo do individuo, por forma a assegurar que consegue completar o percurso com a melhor performance possível.

Será de todo esta questão pertinente? E haverá uma resposta concreta e específica? É sobre isso que dissertarei nas próximas linhas, procurando levar-vos a algum consenso acerca da abordagem às vossas provas e formas de gerir o esforço durante as mesmas.

As variáveis implícitas numa competição
Antes de partir para a resposta à nossa questão, convém analisar o contexto em que a prova se desenvolve, de modo a estudar os factores que irão influir no rendimento físico do atleta, e obrigatoriamente no seu resultado final.

  1. Tipo de prova

Consoante seja uma prova de cross country olímpico, de resistência, maratona de BTT, prova por etapas, ou mesmo uma prova de 24horas, a forma de abordagem à mesma é necessariamente diferente: quanto mais curta for a competição, maior intensidade está desde logo implícita na mesma. Isto deve-se principalmente a uma filtragem “natural” do ritmo desportivo-motor da mesma, já que em distâncias mais curtas os sistemas energéticos de fornecimento de energia durante o esforço, permitem atingir ritmos de rendimento competitivo superiores. Diminuindo gradualmente a intensidade média da competição, à medida que avançamos para provas mais longas.

Além disso, o perfil do atleta influirá nesta dinâmica visto que, como existem atletas com maior predisposição para situações de esforço explosivas, outros há com uma maior capacidade de resistência e por isso mesmo, se adaptarem melhor a provas mais longas.

  1. Perfil da prova

Uma percurso mais acidentado vai também influir na gestão do esforço, em conjugação com o nível de preparação física do individuo. Analisando a altimetria do trajeto o atleta vai definir as zonas em que se sente mais à vontade e melhor preparado para tirar mais proveito das suas capacidades atléticas, bem como as zonas do mesmo onde terá que se defender, por lhe serem menos favoráveis. Estas tomadas de decisão serão condicionantes para o esforço a empreender quer nos percursos “alvo” quer para a gestão nas zonas menos propícias para o seu perfil atlético.

  1. Exigência técnica da prova

No BTT, como em outras modalidades com uma forte componente técnica, um circuito de competição com maior exigência nesta área irá favorecer os atletas mais tecnicistas, obrigando os menos habilitados a dispêndios energéticos superiores/exagerados, aquando da passagem em zonas mais técnicas, ultrapassar ou contornar obstáculos, e mesmo superar adversidades. Aquele ciclista que consegue utilizar a bicicleta quase como um complemento do seu corpo, poupará bastante energia nestes traçados, além de que conseguirá perder muito menos tempo.

  1. Objectivos competitivos

No calendário de provas existem sempre as que têm um maior “peso” competitivo em detrimento de outras, que poderão servir mais como forma de ganhar ritmo de competição. Neste sentido, os objectivos são menos importantes e a exigência física imposta na abordagem à prova, será necessariamente de menor intensidade do que uma prova “alvo”.

  1. Alimentação/hidratação

Na preparação de uma competição, além do aspecto físico, descanso e alimentação ao longo dos vários meses de treino e em especial nos dias que antecedem a prova e no próprio dia, assumem não só uma capital importância na capacidade de exprimir a nossa máxima performance atlética, mas também na gestão do esforço. Um atleta bem nutrido e hidratado consegue maiores taxas de produção de força por ter sempre as reservas energéticas prontas a fornecer o combustível necessário para manter a “máquina” num bom ritmo desportivo-motor. Algumas falhas neste percurso de “abastecimento nutricional” do sujeito, pode repercutir em quebras significativas de rendimento que também terão um importante impacto negativo na gestão do esforço do atleta.

Existem sempre outras variáveis que podem influir na intensidade da prova, até por exemplo um problema mecânico que reduza o número de andamentos (desmultiplicações da bicicleta) disponíveis, um furo, entre outros, que acabam por a condicionar a intensidade da prestação atlética do atleta, quer pela perda de tempo que pode provocar, quer pelo esforço excedente necessário para compensar essa contrariedade.

A Gestão do esforço em competições de BTT (parte 2 de 2)

Para controlo da intensidade do esforço os primeiros indicadores que desde logo sobressaem são a monitorização da frequência cardíaca ou da potência de pedalada. De que forma estes indicadores serão ou não boas referências para controlarmos ou gerirmos o nosso esforço ao longo de uma prova?

A Frequência Cardíaca

É o indicador do trabalho cardíaco e é expressa em batimentos por minuto. Dá-nos a referência da intensidade do esforço na medida em que, à medida que o stress muscular aumenta, na mesma proporção vai crescendo a necessidade de levar energia até às essas estruturas ativas, que acontece pelo aumento da circulação sanguínea.

Assim, quanto maior for a intensidade de treino, tanto maior será a nossa frequência cardíaca, sendo que, esta análise mais genérica vai oscilando à medida que aumenta a experiência desportiva do ciclista, em que vai evoluindo fisicamente para suportar ritmos necessariamente superiores. Com o treino consegue estabilizar os valores de ritmo cardíaco e até baixar, quer em esforço, quer em repouso. Isto acontece pela adaptação fisiológica provocada pelo treino cardiovascular que irá induzir adaptações significativas na captação de oxigénio através dos alvéolos pulmonares e um mais eficiente transporte de energia, tornando o atleta progressivamente mais económico e eficiente.

Contudo, a Frequência Cardíaca é um indicador direto do esforço que é facilmente influenciável por fatores externos, que podem inflacionar os valores monitorizados. Situações como o stress pré-competitivo e da própria competição, o nível de expectativas de terceiros, descanso e alimentação/hidratação, frio/calor/chuva, dificuldade de percurso e o próprio desenrolar da prova, são exemplos de situações que facilmente podem alterar os valores da frequência cardíaca, que em certos casos pode representar diferenças até 15/20 batimentos por minutos ou até mais.

Logo, um atleta que procure regular o seu esforço através de valores de referência, ligeiramente acima do limiar anaeróbio, estará provavelmente a comprometer a sua prestação desportiva por estar limitado à monitorização desses valor. Sendo assim, não é de todo uma boa referencia para gestão do esforço, a ser utilizada principalmente no BTT, onde os factores externos assumem maior influência, até por se tratar de uma competição onde o resultado final é essencialmente dependente de uma prestação desportiva individual.

A Potência

É um indicador direto da força gerada a cada pedalada, traduzindo intensidade do esforço que o atleta está a executar naquele instante, e com uma resposta muito mais instantânea, comparativamente à frequência cardíaca. É sem sombra de duvidas, uma boa forma de monitorização do esforço de um atleta, mas em percursos menos acidentados e onde estejamos suma situação competitiva onde a intensidade seja mais linear e não intermitente como o btt. Neste sentido, a situação ideal para a monitorização da intensidade através da potencia será um contra-relógio em ciclismo de estrada, ou uma situação de subida de montanha – isto por mantermos um ritmo de esforço mais constante/contínuo.

Em todas as outras situações em que o esforço é intermitente, como é o caso do btt, é uma ferramenta menos útil numa situação competitiva, visto que as oscilações dos valores de potencia são enormes e poucas vezes lineares, pois o atleta está constantemente a adaptar-se aos diferentes obstáculos e perfil do terreno. Contudo, na análise do esforço à posteriori, os dados de potencia de uma prova são sempre uma mais valia quer para o atleta, quer para o seu treinador.

Conclusão

Após analisarmos as possibilidades de controlo da intensidade de esforço (FC e Potência) verificamos que nenhum dos sistemas atuais disponíveis para medir diretamente a carga de treino é uma ferramenta 100% válida por onde consigamos encontrar o nosso “cruise control” ao longo de uma prova.

A monitorização do esforço em competição vai evoluindo ao longo da experiência acumulada do atleta, em que vai concebendo a sua percepção de esforço máximo em prova. O sujeito a par das sensações de esforço vividas em provas e treinos mais intensos, bem como os resultados alcançados, vai tendo uma melhor noção da evolução do seu ritmo competitivo. A par disso, pode sempre associar um dos sistemas analisados atrás, de forma a confrontar as suas sensações instantâneas com os valores registados.

Outro contexto que nos sugere que não nos guiemos em prova apenas pelos indicadores “standard” de esforço, é o facto de que, normalmente é em competição que nos conseguimos superar e alcançar patamares de rendimento desportivo-motor muito superiores às nossas referências de treino ou até de avaliações fisiológicas. Isto acontece por alcançarmos patamares físicos mais elevados (picos de forma), por estarmos sobre-motivados por ser um objectivo importante a nível pessoal (por exemplo), ou por encontrarmos um factor de motivação externo (como a ambição de ficar melhor classificado que um adversário direto, uma aposta para um resultado final, entre outros).

Em nota de conclusão, é difícil aconselhar acerca da gestão do esforço. É mais importante preparar bem e encontrar a motivação certa para nos superarmos e nos apresentarmos na plenitude das nossas capacidades atléticas e encontrar perante as adversidades competitivas, a solução correta para superar cada obstáculo físico, técnico ou tático com o maior sucesso possível, com base nas nossas capacidades.

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